André é o funcionário modelo da repartição, nunca chega atrasado, homossexual bonito, pouca afetação, tem bom relacionamento com todos, ótimo relacionamento com a gerência. Veste-se bem, tem estilo e facilidade pra falar, fala muita merda(comigo). Por algum motivo, confia em mim. Não consigo imaginar ele falando que ficou "rouco de tanto chupar pau" pra mais ninguém da empresa. Acordei numa rede, com o sol na minha cara, do lado de um monte de samambaias. Casa de um amigo no flamengo, "não lembro muita coisa de ontem, mas acho que fiz merda" eu disse. "Dá pra ver na sua cara, garoto... Já te falei pra deixar eu dar um jeito nessa sua vida" Ele apertou minha bochecha esquerda, tinha mania de fazer isso, jogou o cigarro fora e entrou. Apesar de gostar muito de me falar de cada detalhe da própria vida, ele sempre dava um jeito de sair fora quando sentia estar prestes a ouvir alguma espécie de desabafo. Sim, eu precisava falar. A nota de cinquenta ainda estava enrolada na minha bolsa, olhei no espelho, tudo limpo, não tinha nada no nariz.